sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Das navegações...


Das navegações...

Se teu olhar oblíquo descobrisse
a viagem que acontece a revelia
eu nem me atreveria a explicar.

Esfarelo versos na ponta dos dedos
adormeço salpicada de vontades
no afã de te encontrar ...

Acarinho certas verdades
escovo a cabeleira revolta
querendo ancorar conforto.

Desdobrada e solitária
sigo a jornada, embora
navegues em mim

Nunca nós dois atracaremos
nossos barcos para dormir
juntos no mesmo porto.

Gladis Deble 

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Pombas da Paz



Pombas da Paz

Num belo raio de sol
O cavalete abandonado
Recria a magia em que jaz
Envia ao mundo em crise
Ciranda de pombas da paz.

Gladis Deble

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CICLO AMOROSO


CICLO AMOROSO

Quando entro na fase amada
mais amo, mais quero
Estabelece a correspondência
permaneço encantada.

Quando esquecida
esqueço que não sou amada
e que devo esquecer alguem
não lembro que amor é espelho
vivo como fantasma;
perco reflexo e noção.

Gladis Deble

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O Cordão



O Cordão

Por ser muito curiosa
fui remexer na caixinha.
Não achei fita mimosa,
localizei um cordão
que amarrou o espartilho
perdido noutra ocasião...

Gladis Deble

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domingo, 6 de novembro de 2011

Biografia


Biografia

Se o espelho conservasse as imagens
Eu desfilaria sem roupas
por extensas paisagens
mas o espelho não tem memória.
Não retém o formato dos corpos,
tão pouco devolve o feedback
das histórias vividas.
Da aparência de ontem
nem a sombra,
Na dispersão dos ventos
nenhum oi.
No pequeno infinito
do espelho do meu quarto
cruzo as asas...
Ao descer a cortina
pinto a boca distraída,
Não sei porque fui esquecer
a senha desse acesso.
Só os trevos cultivados
em torno da retina
continuam a gravar
minha biografia.

Gladis Deble

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Quimera


Quimera

Gárgula que vigia a Notre Dame, híbrida criatura de pedra,
ser fantástico que habita o imaginário medieval.
Destinado a escoar chuva das calhas ou gargarejo de água
das fontes. Para mim funciona como um simbolo.
Perpétua imagem da igreja dos humanos, guardião das
esquinas palacianas, carrancudo,grotesco, assustador.

A contemplar do alto dos telhados as brumas de Paris,
as suas luzes e a cultura obscura de uma era.
A afastar as forças do mal a divindade mítica destina-se.
Se cabeça de leão, fogo da boca, assim sinaliza a ponte.

Se for querubim, xixi na fonte? Origem hebraica, esfinge alada
protege a arca da aliança...
Os sátiros bebem vinho no banquete, na costura grega
dessa trança, se romanos, os faunos vem na dança.

Vem também elementais dos quatro reinos, procuram junto
aos humanos buscar aprimoramento moral e espiritual...

Dos velhos ícones que revejo a servir aos grupos sociais,
há espécies de sementes na bandeja e ecos de textos
muito antigos que trago...

Poema que já fiz a tanto tempo, guerra perdida que
ainda travo... Referência inconsciente dos eventos.
Misturado no caldeirão da vida real,eterno conflito
dos antagonismos do alto das mitologias ao folclore local.

Carga simbólica no profundo da dobra é o tempo
que por mim nunca espera, a única bagagem
que me sobra.

Gladis Deble

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Monólogo de um Vestido





Monólogo de um Vestido

Filtrada pela cortina
a luz rendada na tela
dita modas pra vestir.
Se projetadas no espaço,
certas vestes penduradas
são poesias em roupas.
Invólucros libertados
a esperar por seu corpo...
Nos cabides levitei.

Gladis Deble

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Lendas Urbanas


Lendas Urbanas

A História em seus porões
fecha os punhos, cala vozes.
Nas sombras guarda verdades.
A letra não traz à tona,
tudo que foi sufocado...
São fragmentos, são fatos
de um passado recente.
Os pedaços da história
que não cruzaram os portões
viraram lendas urbanas...
Estão vivos nas cabeças,
são os ecos dos poemas
sem fardas e sem grilhões.

Gladis Deble

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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Cuia de Sereno


Cuia de Sereno

Numa tigela de esperas
eu cato brilhos na noite
e recolho da janela
para aninhar no meu peito

Posicionada no muro
esta cuia de sereno
reflete o lume no escuro
que pegou num céu ameno

E as estrelas presas num fio
trazem mensagem de amor
por um noturno arrepio

O céu é mancha embaçada
eu sinto tanta saudade
cruza meu peito uma espada.

Gladis Deble

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Sincronia


Sincronia

Esse pequeno menino
Chegou assim de repente
Trouxe um mistério consigo
quentes promessas no olhar.

Quando ele fala comigo
move algo novo no ar.
Há um acúmulo de brilho
Faz meu sonho faiscar.

Embaraçam os sentidos
o seu breve aproximar,
estranha coincidência
faz tudo sincronizar.

Gladis Deble

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Nas Asas do Sonho



Nas Asas do Sonho

Pássaros escapam do braço
Borboletas percorrem meu ombro
Poetizo-me nas asas do sonho

Escuto o sabiá quando amanhece
Inunda minha casa a claridade
Um beija-flor passeia em minhas mãos

Inspiração alada é essa pluma
Afaga minha flor quando aparece
Esqueço o frio, a dor e a densa bruma.

Gladis Deble

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A Cura



A Cura

Quando o anseio é imenso
e um nó impede as ações
lembre-se que pós temporal
tudo cura, o arco-íris
e a cerimônia da luz
no prisma, produz clarão,
colorindo nossa vida
e o que estava pelo chão.

Gladis Deble

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segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Gladiola



Gladiola

Gladiola flor colorida
inflorescência em espiga
No latim é a espada
Vence contendas, intrigas.

Eu vim de Madagascar
Sou bulbo na estação fria
Sou o gládio dos romanos
Dos gregos e dos troianos.

Vencedora dos combates
Pois sou a flor dos guerreiros
Trago o fruto do futuro
Homenageio contendores.

Sementes aladas carrego
para abrir-me no verão
Quando ofertada em buquê
Àquele que volta vivo.

Sou a festa do guerreiro
a espada da legião
Na sua mão quero dizer:
"Perfumas-me o coração".

Gladis Deble


 .

A Coser...


A Coser...

Entre um mate e um fuxico
vou os moldes recortar
para um modelo específico.

Se a medida estiver certa
e o alinhavo bem feito,
a costura sai correta.

Minha SINGER cose pano
do algodão ao sintético
com ela não há engano.

Gladis Deble

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Doce missão


Doce missão

As pétalas esparramadas
encantadoras e leves
dançam no ar a bailar
e a memória olfativa,
trás ao presente perfumes
que é impossível não lembrar.

Estampada no vestido
esvoaçante e floral...
Entranhados em poesia
vamos como ramos silvestres
em brotos a palpitar;
nossos corpos destinados
a doce missão de amar.

Gladis Deble

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Roupinhas de fada


Roupinhas de fada

No labirinto do tempo
onde a noite tece prosas,
o vento rimas improvisa.

O tear da eternidade
fabrica vestes mais leves
para a fada primavera.

Linha dourada faz sol
desenha flores o dia
no calor do arrebol.

Entre linhas escolhidas
tece pétalas, caminhos
fios de prata, faz a chuva.

E a gaze tão delicada
ao tramar encantamentos
cose roupinhas de fada.

Gladis Deble
para Kinda

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segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A pedalar


A pedalar

Pela persiana dos cílios
Vejo a cidade passar,
percorro pedras roladas
pelos caminhos do pampa.
Desfia os raios da tarde
pelas veredas em verde.
Repleta dessas imagens
a memória acende fachos,
nos extremos da cidade
de um domingo sonolento.

Sem trânsito complicado
o meu olhar no horizonte
desprende os laços do inverno.
Aqueço a alma nas calçadas,
refresco o corpo na brisa.
Embala várias histórias
nos ombros essa mochila.
E um sopro nos cabelos
faz afagos como beijos.

Ganha uma flor meu chapéu
que complementa o cismar,
só eu e os ventos do sul
por aí a pedalar.

Gladis Deble

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Faz de conta


Faz de conta

Tiro a boneca da caixa
desvendo sua pele alva
seus olhos de contas brilham
na lisura do cetim

Preparo um vestido novo
combinado com chapéu,
rendas e organza tremulam
no casquete tem um véu

Decido se calço luva
ou deixo a mãozinha livre
Bordo uma bolsa de festa
preparo a capa de chuva

Minha boneca é mimada
nós brincamos de casinha
Sei que ela sonha acordada
com soldadinho de chumbo.

Que faço pra ser feliz?
Num momento já respondo.
Ao brincar de faz de conta
Esqueço as dores do mundo.

Gladis Deble
Para Vania Viana

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Natureza feminina


Natureza feminina

A lua estampada no tecido
tem desenhos de floresta
Há canteiros de miosótis
crescem vinhais nas encostas.

No pequeno povoado
de telhados escarlates,
casas alvas de luar
brilham em noites de festa.

E o verde brota do chão
salpicado de boninas.
As margaridas distantes
são singelas ao florir.

Cumpre um ciclo uterino
no retalho a integrar
junta com linha os destinos
a natureza feminina.

Gladis Deble

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Aquecida



Aquecida

Ao sucumbir como pétala
caio rósea nos seus braços
Olho a janela aquecida
ao lembrar do seu compasso

Compenso os dias nublados
esqueço imenso deserto
Meu coração revigora-se
na floração do equinócio.


Gladis Deble

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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Viagem dos Corpos


Viagem dos Corpos

Se um galho desfolhado
Submerso a serpentear
Desenha as águas com vento
que passaram na corrente.
Estende-se a linha do tempo
No seu ritmo eloquente...
Pois a viagem dos corpos
No mergulho existencial
traz no espelho dos olhos
a certeza de findar.

Gladis Deble

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CRIAÇÃO



CRIAÇÃO

Vagarosa e ritmada
vem a noite, poisa leve
Suas asas sobre nós

E o tênue vento e as sombras
a rasgar o véu dos mundos
facilita novos sonhos ...

Dissolvem-se as cadeias do dia
e minha alma livre voa
para as novas coisas que cria.

Gladis Deble

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Trem Fantasma


Trem Fantasma

Este trem de paragens remotas
Cruza pontes de aço e rios de prata,
da montanha na curva desponta.
Leva gentes e traz poesia.
No seu bojo de ferro e alento,
come lenha, engole fogo
no seu ritmo firme e frenético.
Quase sempre ignora meus rogos.
Minhas lágrimas com gosto absinto
formam poças que escorrem dos trilhos.
Passageiros aguardam na gare,
os amores de outra estação.
A saudade e a ausência é que plasma
esta máquina em viagem nas nuvens
invade meu céu como um trem fantasma.

Gladis Deble

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ESCOLHAS


ESCOLHAS

Que saída haverá
para expandir meu olhar?
Que porta se abrirá
para acolher meu andar?

Qual surpresa reservada
vibra esperando por mim?

Só a chave saberá imbuída
em seus mistérios,
se vou ao encontro das flores
ou aguardo as borboletas.

Se a vida em seus meandros
desce estreitos corredores,
escorrega em precipícios?
Ou da janela dos ciclos,
tudo volta ao seu início?

Afasto a impressão de espanto
que ao longo dos anos trago
e as luzes projetadas na estrada
persistem a embriagar o meu sentir.

Nesta oblíqua aventura
espiral onde mergulho;
destrava a chave, o ferrolho
do cadeado encantado,
se eu acertar na escolha.

Gladis Deble

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domingo, 25 de setembro de 2011

Esperançosa



Esperançosa

Este banco de jardim
no gélido final de inverno
ainda ve folhas soltas
a desfilar por aí ...

Eu vou como a pétala
a voar na amplidão.
Melhores dias virão.
É só aguardar o verão.

Gladis Deble 


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Cavalos no sono


Cavalos no sono

Um estranho resfolegar
e um trotar de cavalos
bate casco no jardim...

Enquanto tento dormir
Sinto cavalos do tempo
da guerra chegar assim.

Eram potros do vizinho que haviam pulado a cerca

a esperar inquietos o desfile farroupilha.

Gladis Deble

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Enternecida


Enternecida

Se passeio enternecida
pelos caminhos da França,
Sinto aromas de Provença
e um mundo de poesia
que há nos campos de lavanda.

Gladis Deble

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Emblemáticas Caravelas

Emblemáticas Caravelas

Desmancha-se o horizonte
diluído na neblina ...
É tudo água salgada
a boiar no tombadilho.
Se calmaria ou tormenta,
não importa isso agora.
Minha nau a bordejar
quer passar o Bojador.

Marinheiro da rainha
ou corsário em contrabando...
Os embates acontecem
para o Novo Mundo nascer.
E infla-se a grande vela
com a força dos loucos ventos.
Se ladrão ou desertor,
degredado, escrava ou nobre
não interessa para mim...
Emblemáticas caravelas
fizeram sermos assim.

Gladis Deble

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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O Meu Corpo






O Meu Corpo

O meu corpo é um braseiro
ardente como fogueira
a brilhar na lua cheia.

O meu corpo é um jardim,
viveiro de passarinho,
com borboleta e jasmin.

As vezes anda sózinho
ensimesmado e tristonho;
sou solitária andorinha ...

Se entra em cena o jardineiro,
Senhor das minhas vontades,
Salta verdes do olhar e brotação no canteiro.

Gladis Deble

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NO BAILE







(God_of_War__by_SteveArgyle)



NO BAILE

No baile dos Paladinos
Brilham espadas, floretes.
Muitas figuras esguias
Percorrem vastos salões...
Na muralha os esqueletos
Procuram abrir passagem
Rumo a Jerusalém.
Sei que a guerra é santa
O vinho é tinto como sangue
Seu corpo encanto.
A marcha é dos infiéis
Tremeluzindo o véu
O mensageiro enviado
É o mesmo velho diabo
Que o Saladino acuado
Levou prá bailar no céu.

Gladis Deble

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Estrangeiro


Estrangeiro



Poderoso com um penhasco,
enigmático como um bosque.
Sua figura lendária
na margem foi desnudada.
E eu vou fluida no rio,
perseguindo a liberdade.
Feito bandeira sem mácula,
incorporada à paisagem.
Um estrangeiro na tribo
entre os nativos da ilha,
ao seu clã foi restituído.
Para um império de versos
desconstruída me vou
a riscar com meus fiapos
pedaços do firmamento.

Gladis Deble
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NUMA ILHA


NUMA ILHA


A brisa mansa que cobre,
a noite cinza que desce.
A velha casa é ruína
em marcas que a sombra tece...

Neste cenário azulado,
as montanhas remotas e as madeiras
cercam de encantos seu toque.

Revoa um bando de aves
num céu barroco a mudar,
Eu a sonhar numa ilha
com você a me beijar.

Gladis Deble

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domingo, 18 de setembro de 2011

Lendas Urbanas


Lendas Urbanas

A História em seus porões
fecha os punhos, cala vozes.
Nas sombras guarda verdades.
A letra não traz à tona,
tudo que foi sufocado...
São fragmentos, são fatos
de um passado recente.
Os pedaços da história
que não cruzaram os portões
viraram lendas urbanas...
Estão vivos nas cabeças,
são os ecos dos poemas
sem fardas e sem grilhões.

Gladis Deble

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Amavisse


Amavisse

A malha bordada do tempo
que faz os dias e as noites
não a podemos tocar.

Um arco-iris profundo
num céu pintado de índigo
é difícil explicar.

Se eu te perdesse, amado
num céu de esfuminho raro
continuaria te amando.

Mesmo que muito doesse
e um de nós adoecesse
seguiria nessa dança.

Se prá longe tu seguisse
e nunca mais eu te visse
Valeria o amavisse.

Gladis Deble

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Num brechó


Num brechó

Certas leituras nos trazem
personagens mágicos e chiques.
Quando as memórias invadem
homens clássicos me seguem.
Vestem risca-de-giz, tweed,
jakard ou príncipe de gales.
Voltei cem anos nas roupas.
Entrei no túnel do tempo
ao visitar um brechó,
visitei os anos vinte...
Vi coisas da bisavó.

As cores sóbrias do frio
O aroma perfumado
da colonia a do cachimbo.

Toquei telas de chapéu
tule, pérolas, veludo...
Senti mudanças sociais
na maneira de vestir.

Desse grande revival
carregado de emoção
numa viagem nostálgica
o romantismo me pega
e na fuga prá outro tempo,
um universo lendário
povoado de mistério;
vejo roupas de alfaiate
cheias de estilo e história.

Luvas, piteira e estola
e o cavalheiro romântico
demonstra apreço à dama
ao retirar a cartola.

Gladis Deble

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Ares Primaveris


Ares Primaveris

Nesta fase inspirativa
que vou vivendo a sorrir,
lanço dardos perfumados
penso lírios, sonho ninhos...
Ouço harpas afinadas
nos ares primaveris.

Gladis Deble

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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Memorial

 
Memorial

Minha memória é uma ilha
perdida num mar revolto...
Passa frio, troca contornos.

Quando mudar o tempo
a tomar chuva no rosto
recebo tempestade, raio e vento.

As coisas tangíveis, irão apontar
Sensíveis ao toque,
Sempre iremos lembrar.

A lira foi dedilhada,
palavras rimadas ou não,
em encaixes formatadas.

Mas a emoção do pedido
e a alegria ao responder,
Para sempre vão ficar.

Gladis Deble

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Floresta


Floresta

As pedras que piso
entre limo,
no bucólico passeio
refazem a volta
ao passado.

A vegetação circundante
é beijada pelo vento
desde o alto do rochedo...
E o sabor dessas paragens
é como fruta do mato
colhida ao pé do arvoredo.

A água fria da fonte
caudalosa a crepitar
permeia toda a floresta,
Umidifica a esverdear;
a clorofila faz festa
na realidade do olhar.

Gladis Deble

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Meio dia


Meio dia

Pela janela aberta
tudo vejo, debruçada.
Da floreira, em flor
desperta das hastes
a trepadeira.
E os ponteiros
empilhados da
hora do meio dia.

Sentido de impermanência
discuto esta inquietude,
Sou meu próprio solilóquio
a discordar na poesia...
Não emito nenhum som,
O sol a pleno reflete luz.
O muro não faz nenhuma sombra,
Uma lâmina de lume
penetra a vidraça, agora.
Transpaça e recorta
os objetos e louças
que estão sobre a mesa.
Brincamos de estátua
na hora do almoço.

Gladis Deble

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Tanta Saúde


Tanta Saúde

Amar assim
Só faz bem...
Aquece o corpo e a alma,
recupera a calma.
É tanta saúde...
Tonifica o coração
Espanta o frio
Dá brilho a pele.
A circulação vai como rio.
Amiúde...
Tudo fica melhor
Você engrandecido.
Na intimidade
de um grande amor
correspondido.

Gladis Deble
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