sábado, 26 de junho de 2010

Pomba poesia


Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde
e pousam no livro que lês.

[Mario Quintana]

Pomba-Poesia

A preservação de aves selvagens
Implica, geralmente na criação
de uma floresta onde possam viver.

A existência de seres críticos
e uma raça humana pensante
sensível e amorosa depende de
boa educação, cultura e livros

Um município onde exista
uma floresta primitiva
que gravita acima dele
e outra que apodreça debaixo dele

É uma cidade adequada
para produzir feijão e milho
e fabricar alguma babaquice
para nossas modernas conveniências.

Num solo bom, cresceram
Homero, Confúcio ...
Já produzimos Veríssimos e Quintana.

Alguém disse que todas as palavras
já foram ditas e que
todos os poemas são de amor.

...Mas ,sempre soltamos nossas pombas-poesias
e esperançosos ficamos de que seja algo novo
e alguem possa acolhê-las, algum dia.

Gladis Deble

Paisagens


PAISAGENS

Numa alquimia doce e colorida
Cato folhas e pétalas na relva,
Percorro a pé a estrada conhecida
adenso os passos na trilha da selva.

As flores descartadas que encontrei
agora jazem repousando na infusão
e nos vidros transparentes que usei
Surgem cores para o encanto da visão.

A anilina aquosa que fabrico
com as flores silvestres que colhi,
São paisagens sem fim que passifico
pra não ficar em branco o que senti.

Gladis Deble


domingo, 20 de junho de 2010

Magia


Magia

Fauno que habita o arvoredo
que desce o oco da árvore
e toca flauta de brinquedo

Árvores transmitem sinais
poucos voltam do portão
Está escrito nos anais

Senhor do bosque
aguarda na mesa de pedra
antes que o lobo o embosque

A profecia se cumprirá
e nós iremos à guerra
Isso sempre vou lembrar

Flechas e arco encantado
uma espada de verdade
para cumprir o tratado

A magia é profunda
guia todos os destinos
este carvalho é seu mundo

Dança com a bruxa ao luar
tantos seres de magia
para o caminho encontrar.

Gladis Deble

sábado, 19 de junho de 2010

No jardim da Gladiola


NO JARDIM DA GLADIOLA

Eu sou Gladis
Nome de origem floral tenho sensores de fada
no tecido vegetal, sigo arabescos alada...
Desenho folhas recorto,gravo paisagens nos olhos.
Sou tagarela por dias, por noites fico calada,
segurando a rebeldia.
Viajo sempre nos livros, imagino musicais
personagens amorosos povoam meus festivais
colorida no jardim e perfumada no vaso
tenho por fila um jasmin.
A suavidade que reveste cada pétala minha
é a mesma que despe as folhas
e faz do inverno meu mais cruel inimigo
desde tempos remotos sigo por esse caminho.

Sou de aparência frágil como pluma me esfacelo
quase levada no vento mas quando o momento
é grave, resistente e muito forte.
Sou movida a poesia,cultivo bons sentimentos
a segurança é na asa que equilibra cada dia.

Quando sou flor,uma palma
visto túnicas fibrosas nas pessoas amo a alma.
Meu pai me deu esse nome de uma antiga namorada
que era de origem inglesa
significa que de algum território
com a espada sou princesa.

Gladis Deble


terça-feira, 15 de junho de 2010

Alguns muros

Alguns muros

Alargadas as fronteiras buscando mais horizontes
Vejo na costa ampliada um mundo a ser descoberto.
Minha energia e essência temperada em águas tantas
que escorre dessa existência e esconde poderes remotos
e vontade de ajudar os seres que necessitam de pão,
palavras, afetos, cobertas ,educação.

A educação dos sentidos, a transparência nas relações
é da minha natureza, é da minha profissão
procurar as soluções em atividades mentais,
boas leituras, imagens e música,
só quero um pouco de arte e um tanto mais de alegria
e no dia que eu partir ter o conforto de saber
que meu sorriso doei, que fiz parte disso tudo.
Quando muitos eram sim eu segui meu coração
eu fui lá e disse não.
Algum muro derrubei.., em algum colei cartaz
a maioria pichei.

Gladis Deble

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Engano


Engano


Para que serve meu verso
Se não digo o que preciso
ou não entendo o que leio?

Nem meu veleiro de sonhos
que velejava veloz no mar azul ondulado
na enseada dos amores
agora sei, naufragou...

Se velejava solitária
e andava no fio do arame,
o meu mapa era confuso
agora é rio que passou.

Até o jardim encantado
com violas e canção,
agora é flor que murchou
as aves de migração
voaram todas pro norte.

Já casei com um navio
e fugi pra Portugal.
Não encontrei o Pessoa
e a fada não era eu...

Gladis Deble