sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Barco Barco



Barco Barco

Na nuvem alva do sonho
fasso meu ninho de letras
Modelo nuvens com as mãos.
Procuro linhas azuis, como fitas de cetin
Desenredo todo novelo
Embora os recursos parcos
Sobre as águas da memória
Vou construindo meu barco.
Nos verdes claros da margem
balançam ramos de plantas...
Tanta vida nesse charco,
não preciso de mais nada.
Minha voida é esse barco.
Se viajares comigo
manterei prá sempre acesa
a lanterna, nosso marco
e o sol no seu fulgor
vai coroar o romance
de nós dois nesse remanso.
Encantos de azul e verde
Só os peixes é que sabem
da fluidez dessas águas
onde confundem-se os corpos
despidos, memória e limo
ao cruzarmos os limites
braços em arco e libertos
Somos o corpo do rio
amando junto do barco

Gladis Deble

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Rupestre


Rupestre

O nosso olhar é sensível
ao ler criação do outro.
Abrigamos o universo
e múltliplas sensações
ao compartilharmos as obras
e experiências esteticas.

Percebemos semelhanças
entre poetas e lugares,
Atitudes frente ao tema
no desafio das palavras.
Compartilhados no grupo
Os fonemas criam asas.

A experiência solitária
viaja fora de casa...
O ser humano sempre busca
um registro na história
e o contraponto se impõe
numa aliança perfeita
entre a nossa própria carne
e a carne da obra de arte.

Algo a muito preparado
a nossa linguagem enxerga
carimbado com carimbo
desde os seres primitivos
na parede da caverna.

Gladis Deble


O Sonho e o Chá



O Sonho e o Chá

A senda que é mosaico
dos meus sonhos
Risca desenhos que quero pintar
e alguma estrofe pronta para nascer.
Modulam ramos ao longo das veredas
onde caminho a carregar as flores
E no trajeto lírico do andar
eu quero meus fantasmas encontrar

Enquanto sirvo chá fitando o prato
resolvo o resgate da utopia

Sou a noiva com buque de laranjeiras
a esperar no limbo das trincheiras
que meu botão de verso vire flor.
Se contraditórios tornarem-se os discursos
ou ao descer a xícara eu não encontre o pires,
eu tento bancar o adivinho
e desço pela corda dos resgates
Viajo pela fenda desse sonho
e tento adiar o fim da linha.

Gladis Deble

Amor Intenso



Amor Intenso

Nosso amor por ser intenso
preenche todos espaços
Somam-se ações ao que penso
se no seu corpo eu enlaço.

Quando trocamos ternura
o mundo fica melhor
Serenidade ou loucura
num canto de puro louvor.

Gladis Deble

Plenilúnio


Plenilúnio

Noite pintada de prata
Sigo os passos desse amor
No plenilúnio em cascata,
quando a lua se retrata
ressende o cheiro de flor.

Gladis Deble


Ciclo

Ciclo

Em vapores diluída
como chuva de verão
Eu releio comovida
nossa mais doce canção
O seu fascínio é imenso
da sentido a meu delírio
Ao corpo imaginação.

Nas asas da borboleta
que chega no nevoeiro
vai virando a ampulheta
esparramando as areias
nas peças do tabuleiro
mais um ciclo se completa
sob o sol de fevereiro.

Gladis Deble