quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Riscos



Riscos

Tenho manhas de criança
resquícios da adolescência
mas não me levem por tola
minha alma tem consciência.

Se as decisões são maduras
embora as artes mais novas
arrebatam-me os sentidos,
tal passeio de borboletas

Tomam todos os espaços
estes sonhos mais febris
de voar e tecer versos,
entre riscos ser feliz.

Gladis Deble

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Girassóis


Girassóis

Esta cartilha fútil que folheio
nas noites sem fim de tempestade
tem o gosto de efêmeras quimeras
e o brilho das palavras inúteis.
Se eu mudasse com poemas o país
não seria nossa causa derrotada,
Por um dia uma breve utopia...
Construía novo campo engajado
a tecer sempre mais girassóis.

Gladis Deble 

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Serenata


Serenata

Se viajo numa sonata
Levo meus versos, mistérios
A noite é amiga secreta
Dos que amam partilhar,
Por isso abro a janela
Para ouvir a serenata.

Gladis Deble

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Volto pra trilha


Volto prá trilha

Se eu cometo
algum tropeço
levanto os olhos
para o rochedo.
Penso nas águas
da cachoeira
que abastecem
todo meu viço.
Logo eu esqueço
desse mau passo...
Vejo uma águia
em manutenção,
mudo soluço,
faço canção.
Se eu me engano
peço perdão...
Volto prá trilha
de quem eu amo.

Gladis Deble

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sábado, 27 de agosto de 2011

Metafórico


Metafórico

No filme do nosso amor
tem enigmas em sorriso.
Dias sombrios e contidos
na bruma que cobre o rio.
Mas lá na segunda parte
as marés saíram longe,
Torrentes nos sacudiram,
Raízes desprotegidas
ficaram frágeis à vista.
Se numa nova versão
de loucuras pós-modernas
quebrarmos a continuidade
e a metáfora servir,
a flama volta a pulsar
e é possível reeditar
o filme em outra versão.

Gladis Deble

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DIA DE CHUVA




DIA DE CHUVA

A languidez do vento
sopra as folhas
e a mantilha cinza da manhã
descobre a névoa.
A fada comovida sopra juras
de amor enternecida,
enquanto aguarda na varanda
a tempestade guiada pela brisa.
O cheiro da terra molhada
tudo invade...
Chegou a chuva!

Gladis Deble 

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Campo de Flor



Campo de Flor


A ardência do olhar
brinca em campo de flor.
Conduz ao ponto de vista
do flanar de borboletas.

Campo de flor luminoso
Onde o sol vem exibir-se.
Descalça, sonha a menina
entre pétalas e miolos...
Dança a asa, inventa a tarde
no esplendor do amarelo.


Gladis Deble

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O PEIXE



O PEIXE

Curioso e boca aberta
Fluído como ninguém
Ama versos e minhocas
De iscas sempre refém.

Gladis Deble

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domingo, 21 de agosto de 2011

PAZ


PAZ

Os sinos tocam ao longe
Música leve, uma pluma.
São passos de folha seca
Uma carícia do vento
nas asas da borboleta.

Na memória deixa traços
esta presença fugaz,
Forma ecos na distancia
sua mensagem é de paz.

Gladis Deble
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Entre nimbus

Entre nimbus

Entre nimbus refletida
solitária a contemplar
esta paisagem de brisas,
rebatida sobre o mar ...
Desenho formas nas nuvens.
Faço a cama nos abismos,
Sobrevivo ao furacão ...

O nosso amor é um barco
Indo encontrar o verão.

Gladis Deble

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SOTURNA


SOTURNA

Esta saudade
é um rio espesso
que terei que atravessar.
Soturna, em noite sem lua,
nas entranhas da floresta,
sigo o murmúrio das águas.
Dúvidas brandindo meus versos...
Assim minha alma vagueia
cingida, muda e sentida
a procurar solução.


Gladis Deble

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COMBINAÇÕES


COMBINAÇÕES

Flutuam folhas no bosque
transbordam alaranjados.
Nossos pés afundam juntos
no tapete de gramíneas

No colo das estações
amarelecem meus sonhos
e o castanho das madeiras
a descascar entre galhos,
sabe o momento oportuno
para um balanço no ninho.

Grãos e ramos, ervas secas...
Pólem invade nervuras ,
nas reentrancias do equinócio
luz e sombra em sintonia
a combinar travessuras.

Gladis Deble

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segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O Verbo e o Vão


O Verbo e o Vão

Quando escapa a palavra
O verbo corre pro vão
Quanto mais caça, mais foge.

Perturbada na procura
é esteril essa luta,
Armadilhas da memória...

Se aquietares a mente
pondo doce o coração
Ocupado em outras frentes

O verbo surge ileso
recém saído do vão...
como fruto em sua mão.

Gladis Deble

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Movimentos de Júpiter


Movimentos de Júpiter

Se Júpiter mover-se no trono
toda retórica de versos
movimenta um exército no céu
e a musa erótica flamejante
acena do seu pódium de marfim.
Ele que recebeu dos ciclopes
O raio, o relâmpago e o trovão
sobre a terra, o mar e os animais
no simples girar da cabeça,
demonstra seus poderes geniais.
O pai dos deuses fala no Olimpo
e rege o universo dos mortais.

Gladis Deble

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Fadário


Fadário

O vento canta fados
quando calmo,
Assopra no meu ser
suas tristezas.
Se confuso conclama
em voz demente
As aves que do alto
se soltaram.

E bate o seu guizo
de palhaço
largando o seu riso
no meu pranto.
E toca minha lira
esse fadário.
Anunciando que é você
que amo tanto.

Gladis Deble

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Brevidades


Brevidades

Se me amas...
Num cochicho
é possível me dizer.
Não precisa altofalantes
Nem os telhados tremer,
nem megafones na mão
Ou poemas no jornal.
Passarinhos querem paz.
Eu também vou devagar,
Amado,
Não quero alardes,
Nem os fogos de artifício.
Das grandes alegorias
sou pouco afeita,
Gosto se comigo você deita,
Q uero dormir no seu abraço
logo após a tempestade.
A vida... A vaidade... O amor
Assim como os bolinhos...
Tudo brevidades.

Gladis Deble

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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Teatro de Sombras


Teatro de Sombras

A vida um grande teatro
sob a urdidura das luzes
Encenam loucos papéis
personagens envolvidos.
Na trama dos seus ardis
Içam cordas, descem cordas
compõe a lira dos sonhos...
Deslizam qual estreantes
quando os anjos fazem coro
a maquiagem enrubece
ao pronunciar as palavras
que Deus do céu escreveu.

Gladis Deble

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IMPACTANTE



IMPACTANTE

Por gostar muito de surpresas
Sempre quis as coisas novas
Mas as voltas do destino
rotineiro e bem comportado,
Fazia os dias iguais
As pessoas repetiam só as coisas banais.

Por isso aprecio os motes
Sou louca por desafios.
Para mim eles tem o valor
de coloridos festivais.
Se o destino velho e gasto
receber algum tempero,

O seu brilho impactante, repõe
o lume no olhar e devolve meu sonhar
É possível que a emoção
Surja de novo e questione...
Sopre cores em minha aura
e não me decepcione.

Gladis Deble

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Caminho de Minhoca


Caminho de Minhoca

Rastejamos nesta terra
procuramos melhoria.
Somos poeira de estrela
Ou chuvisco do meio dia

Pegadiça a poça dágua
é um espelho a refletir.
Nossas escolhas erradas
ou acertos a influir

O rombo que o tempo faz
é um túnel de minhocas.
Aprendo como se faz ,
Volto de novo prá toca

No mergulho que dou em mim
a lanterna ilumina o trilho.
No bicho que animo assim
Sou uma minhoca e brilho.

Gladis Deble

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Eu brilho


Eu brilho

Eu sou confete rosa
que caiu no chão
A serpentina verde
que não te alcançou

Sou colombina lilás
sempre a esperar
pelo pierrô que
não sabe dançar

Sou a baqueta bege
que fugiu da caixa
atravessou o samba
para te encontrar

Só fui coisa palha
hoje sou madrinha
rainha da bateria
desfilo a rebolar

Vida de purpurina
só no carnaval
brilho é meu mister,
percorro seu corpo
brilho onde eu quiser.

Gladis Deble

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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Proposta Faérica



Proposta Faérica

No tema que foi proposto
Desenhei asas bem leves
Fiz fragmento do bosque
Embebido em sonhos breves

Os projetos nessa pasta
Tomaram forma ligeiro
Bateram asas as fadas
Elfos surgiram fagueiros

E a terra ficou melhor
numa proposta criativa
No meu grupo familiar
Gira a roda evolutiva.

Gladis Deble
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Mãos Dadas


Mãos Dadas

Não quero versos caducos
nem cantares futuristas.
O fio que me prende à vida
tem um tempo para existir;
invisível e resistente
ele tece o tempo presente
e percorre toda a estrada,
costura amor de mãos dadas
com os que estão na caminhada.

Gladis Deble

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ESCRITOS


ESCRITOS

Há um livro rascunhado
rico em imagens internas,
Sempre sujeito ao acaso.
Percebo apelos intensos
de fazeres criativos ...
Não há linearidade
e nesse processo me atiro
Se não escrever sufoco,
Pelas diversas paisagens
Meus olhos campeiam livres.
Figuração que instila ,
Abstração me invade...
Quando as palavras flambelam
Provocadoras da luta;
Como flecha eu me lanço;
Tenham formato de clava
Machado, arpão ou lança.

Gladis Deble

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Crer em nós



Crer em nós

Máquina de realizar sonhos é o universo
Ele os produz e torna realidade nossos versos
Irremediavelmente entrelaçados
nos fios da tapeçaria cósmica de tudo que existe
A mão da nossa fé amarra os nós.

No mais profundo do nosso ser, no recesso
mais recôndito do coração vivem
a deusa do Conhecimento e da Riqueza
Se as amarmos e alimentarmos
Todos os sonhos espontaneamente desabrocharão
Independente dos nós...
Essas deusas possuem um só desejo
Elas querem nascer entre nós.

Gladis Deble

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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Noivado buliçoso


Noivado buliçoso


O que quedou-se na geada
no frio da manhã ficou
Como semente extraviada
que algum pássaro largou

Véu de noiva é a alvura
cobre o jardim , um lençol
desce rendas das alturas
brilha nos raios de sol

Cristais de neve se formam
pedra, pétala em rocio ...
ninfas do inverno retornam

Dormência e recolhimento
é o sono das sementes ...
na primavera buliçosa haverá despertamento.

Gladis Deble

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A Menina Interior


A Menina Interior

Cintila um lume no olhar
da menina que já fui
Com enigmas por desvendar.

Tanta dúvida embalei
Indagações provincianas
Que nos livros eu sanei.

Brincadeiras de criança
Correrias no quintal
Vejo cenas na vidraça.

Na paisagem mergulhei...
Brinca de roda faceira
A menina dos meus olhos
Ilumina minha sombra
A pequena feiticeira.

Gladis Deble

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Alinhavos...



Alinhavos...

Modelo alguns ornamentos
Alinhavo as ilusões
Preparo moldes com tempo
Prá futuras estações

Os babados que juntei
na modelagem macia
São carícias que guardei
Em panos costumizei

Aljôfar arremata o punho.
Pra melhor agasalhar,
Envolvo meu manequim
com um manto de miçanga.

Não podia imaginar
Que a tesoura do destino
Aliada a linha fina
Desse tanto pano prá manga.


Gladis Deble

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Na Estação



Na Estação

Se o trem é vazio
no tempo presente
carrega saudade ,
Transporta tristeza.
Meus passos a esmo
no dia que esvai
ainda tem esperança.

Quem dera chegasse
presente de fada ...
A mala empoeirada
na outra mão a rosa.
Assim do nada ...
Na estação; Você.

Gladis Deble

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