terça-feira, 31 de maio de 2011

Banzo

(máscara+Mbangu[Congo-África])

Banzo

Seu sangue desceu o Congo
veias de rios o seu leito,
Cantou o tantã guerreiro
batidas dentro do peito

Na cuia do aconchego
mato a sede no porongo
Só nesse seio me achego
forma de mama do Congo

As águas puras da sanga
trazem lembranças de pranto
do canto triste do mar
navio negreiro a singrar

Os goles de cada gota
no amargor desse mundo,
eu vou sorvendo a cicuta
do banzo verde e profundo.

Gladis Deble

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Curumim

(Arte de Lumumba)

Curumim

Os segredos da noite
esconderam-se todos
na pequena cuia onde
venho beber versos
quando a sombra
esconde a lua.

Miríades de estrelas
cintilam no jardim,
Sou indiazinha a espera
perdida de mim.
A solidão é gigante
neste peito curumim.

Gladis Deble

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Chamas


CHAMAS

"Geada na lama
chuva na cama"
diz o dito popular,
vem mais frio da Argentina.
Sinto a pele arrepiar.
Gelada até os ossos
retorno para casa.
Ainda bem que ninguem viu
meu guarda-chuva se partiu
igual ao meu coração
e o pau de lenha
que parto em dois,
separo com raiva
e jogo no fogo,
onde coadunam-se perfeitos
soltam faíscas, se encaixam
e até virar cinzas
tem muita lenha para queimar.
Ah, essas chamas, no fogo
sempre se acham.

Gladis Deble

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domingo, 29 de maio de 2011

A Tabuleta


A Tabuleta

Quando tiver desaparecido
Os meus versos dispersos, tuas placas...
Eu já morta, tu nem ressaca
Teus domínios, domicílio tudo vago
Minha escrita letra morta numa língua já extinta
Algum asteróide errante ou um cometa vadio
encostará a cauda em brasa e tudo será explosão.

Quando não estiver aqui esta abóboda celeste
algum tempo passará, da poesia nem sinal.
Nova ordem de poetas surgirá, nascidos talvez
da união de belos anjos com as mais lindas
filhas dos mortais.
Eu voltarei repaginada e mais evoluída
Não varrerei mais o chão do manicômio
nem darei aulas de artes no hospício
por guardar algum resquício servil
de vidas passadas limparei o teu cinzeiro.
Não mais governos corruptos,legisladores omissos
Nem ao povo desacato. Não brigarei pelo piso
Aboliremos patrões e também os sindicatos.
Tu consertarás as placas das naves
Viveremos à sombra da tabuleta
Terei mais tempo para poesias e imagens,
dos Pequenos Grandes Poetas
apreciarei líricas postagens.

Gladis Deble

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A Rosa


A Rosa

Estendo a prosa macia
como pétala orvalhada,
Sua voz é sintonia
que chega de madrugada.

Brilho baço, estrelas alvas
a rosa puro carmim
flutuam corpos em sonho
flor no lençol de cetim.

Gladis Deble

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Tédio


TÉDIO

O tempo um giro completo
Silente passo um café

As estações tingem folhas
na cartela de amarelos

Desdobra a manta do tempo
a anciã do inverno...

Eu já preparo um casaco
para enfrentar a friagem

Enquanto a paisagem muda
seu cenário sazonal

Transmigram as borboletas
fito folhas no quintal...

Esta agenda repetida
está com os dias contados

Pois os ritos, lunações
desta vida programada

Numa viagem de inverno
doída de tédio e frio

Pelo fogo das palavras
vai trilhar as excessões.

Gladis Deble

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Soneto lunar


SONETO LUNAR

A lua a espiar atrás do monte
Vê tudo acontecer entre nós dois
Num doce murmúrio nasce a fonte
Pelo pedrisco do riacho vai depois

Não sei se a lua é a mesma que nos viu
A gargalhar na noite abraçados
Mas com certeza nos seguiu
Na cama das areias, silenciados

E o barco que nos trouxe desse rio
Entre aguapés e folhas flutuantes
Guarda segredos daquele que partiu

Ficou um fogo aceso, um desvario
Assobio de saci no bambuzal...
Raio prata no lençol tatuado no braço do rio

Gladis Deble

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Levitação


Levitação

Diante de ti detenho meu olhar direto
Seguro tuas mãos desvendo caminhos
Descubro qual o vício predileto
nos mapas riscados não vou sozinha

Separo o que não serve nessa andança
Seguro o que nos vale com presteza
Leio a Festa de Marujos na Chegança
Despeço-me ligeiro da tristeza

Das carências que trazias nem sinal
eu quiromante ativa já previa
que lhe desproveria desse mal

E o vento de voar impulsiona-me a asa
Envolvo-me,esqueço-me da ética do oráculo
Cai a túnica,a tenda em êxtase levita minha casa.

Gladis Deble

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Sinais de amor


SINAIS de AMOR

Aceno no vento esparramando
ruiva cabeleira...
Mantenho quase intactos
meus sonhos juvenis.
Trago no ventre o calor do sol
e o aconchego do fogo,
o poder e a transformação.
Expando ao meu amor
as pétalas primaveris
tecidas na abundância
que inspira idéias e paixões.
Lido com mudanças bruscas
sem entender o traçado da estrada
Sigo o desenho da minha consciência.
Respeito a natureza e os seres
que estão na caminhada.

Que a mim seja dado o poder da transmutação
Sei que estou ficando velha...
Que eu sempre atravesse as brumas
Embora navegue às cegas
Sempre reconheça a primavera
quando meus sentidos perceberem
seus amorosos sinais.

Gladis Deble

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[Em] barco


Em[barco]

Eu sendo um barco
fugiria contigo
Remos de versos largos
rumo ao paraiso

De madeira boa
que um dia foi árvore
a teu lado viajo
num mar de rosas deslizo

Algodão faz a tela
vegetal na terra alvura
antes de ser vela
que no mar tremula

Eu clandestina
percorro os 7 mares
contigo procuro tesouros
escondidos

Meus sonhos mais febris
mergulho nas espumas
sou um peixe passando a boca
no casco do navio.

Gladis Deble

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domingo, 22 de maio de 2011

Ostara


Ostara

A terra aquece os tambores
para a estação que nos chega
Vibrante levanta o ritmo
acordando seus cantores

Ostara afina a orquestra
de cigarras e passarinhos
sussurros e asas zumbindo
tem cantoria nos ninhos

As baquetas da natureza
desenham evoluções
batucando com presteza
os novos sons da estação

Poetas criam poesias
entre pérolas e contos
enquanto borboletas brancas
ensaiam novas coreografias

Ninfas cantam melodias
e tramam guirlandas coloridas
e nesse mágico final de dia
corolas e tenras folhas são tecidas

Pétalas de rosa exalam perfume pelo ar
salpicando flores na grama do chão
onde a deusa desfila altiva
antes da festa da coroação.

Bastão de galho de amora
indica a direção dos ventos
e o rumo que minha prosa e verso
devem tomar agora.

Gladis Deble


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Onde mora a Solidão?


Onde mora a Solidão?

A solidão mora no vento
enquanto afia punhais
voa e brilha o pensamento

A solidão é um barco
quando passeia à deriva
muda a rota sem embargos

Se ela mora numa folha
ou num gélido arrepio...
não tenho mais muita escolha

Se ela for poesia
trazida no outono em folhas
nunca saberei o dia...

A solidão anda tonta
por buscar-te, inconsciente
do meu sonhar tomou conta.

Gladis Deble

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Enredo



Enredo

Desfio confusos novelos
reinterpreto linhas cruzadas.
Compartilho emoções de aprendizado
Traduzo uma rota rabiscada.

Cavalgo a voraz montaria do tempo
a expandir seus domínios.
Largo sementes nas brechas
indo ao encontro do meu
próprio elemento.
Solto as rédeas de minha alma ao vento
Nem sempre preencho
corretamente as lacunas...
Sigo o roteiro esquisito
de minha própria teia.
Faço parte desse enredo,
é minha sina...

Teço as linhas tortuosas
do que ficou estabelecido
a medida que anoite avança
seres libertos, do espaço surgem
a espargir luz no meu verso
esqueço a dor no corpo.
Saio do roteiro enquanto
a musa louca dedilha
sua lira e nessa prosa
de amor me invento.

Gladis Deble

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FLUIDA


FLUIDA

Fluida brinco no vento
coreógrafa de mim...
A planura desses campos
desliza tátil assim.
Esta música dedilha
compassos ao por do sol
sua presença matreira
amarra um laço nos raios
pelas luzes do arrebol.

Gladis Deble

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Louca vivência

Pétalas de rosas

sábado, 21 de maio de 2011

Hologramas


Hologramas

Devastada por íntimos incêndios
a derramar poemas florais
Sigo a percorrer o vosso chão.
Flechas flamejantes desprendem
dos arcos aqui posicionados.
Vossa guerreira
atravessou planícies e desertos
Quase cegou com a poeira
das caravanas e a claridade na retina.
Sigo vosso rastro, ó Sol
por extensos descaminhos,
embriagada de amor
provo do vosso vinho.
Sussurro algum verso
e penduro poesia na asa
colorida da fada ribeirinha.
Meu cabelo de fogo
acomoda salamandras...
Quando no poente o sol
deita os raios no rio
e no incêndio do crepúsculo
forma hologramas na ponte.

Desafio o tempo, canto a liberdade
Sinalizo os quadrantes. Penso-me livre
Continuo presa à palavra dada
Sou escrava do verso
Sua criada

Gladis Deble

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Furto


FURTO

Naveguei a deriva de teu verso
Procurando afastar a ausência.
Mas este mergulho perverso
Sempre revela amostras da essência.

Esta noite sacudida de temporal
deixa ver o breve lume das estrelas
e este raro momento de luz
denuncia o lume que furtas do meu olhar.

Gladis Deble

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O destino das águas


O Destino das Águas

A Água corre para o mesmo destino
Age como um dominador desumano
Não sei se segue preceito divino
mas nos carrega junto aos desenganos.

Desce pelo rio qual caça em desatino
abalada por não possuir outro plano
Homem crescido agindo feito um menino
É fatalidade que ocorre entre humanos.

E a água lambe cada grão pequenino
enquanto escorre no seu curso tirano
imitando a vida que nos rouba os anos.

Com a água, angústia desce pelo cano
recuperando ,plenamente, o meu tino
e sigo a minha vida com um sorriso bonino.

Gladis Deble, Lena Ferreira, Telma Moreira

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Desprendimento


Desprendimento

Venho para cá
quero desprender-me do aprendizado
Encaro as cicatrizes como quem conta
coloridas tatuagens
não quero nem saber, só dou risadas...

Sem retalhações ou tentativas
Curada de todas as feridas.

Se tive mágoas?
Não lembro mais
Levo o coração ardente
e na cabeça os rumos da lua nova.
Tomo decisões de adolescente
Eu toco a vida e me percebo
plena e feliz.

Venho para cá
Pois no meu peito há
uma taça de cristal
contendo delicadas pétalas de rosa
e no sorriso um sol chispando flamas
e fagulhas, com ardor.
Vislumbro mil horizontes
porque ando na senda florida
de um novo amor.

Gladis Deble

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Cidadela


''A solidão me ensina a não acreditar na morte, nem demais na vida:
cultivo o jardim dos dias felizes..." Lia Luft.


Cidadela

Se a solidão se instalar
com todas suas mazelas,
feito a lacuna da morte
a esperar na capela ,
visto a roupagem da vida
melhoro o quinhão da sorte
reinscrevo a cidadela...

Escrevo uma nova história
invento outro capítulo
é de sonhos e de pedras
os degraus do sofrimento
Seguro o caule da rosa
num jardim em movimento
Folhas tecidas ao vento.

Gladis Deble

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Resumo do dia

RESUMO DO DIA

Espero pelo crepúsculo
como um ser da noite
que aguarda por seu negro véu

Na segura proteção universal
consigo carona na última asa
de luz veloz que corta o arrebol.

Não quero surpresas nessa hora
Gosto de ficar só, para ver como
as aves prestam contas do seu dia.

Conto e ouço estrelas num painel de fantasia
Peço perdão pelos erros cometidos
e gravo meu singelo resumo de poesias.

Gladis Deble

A Dançar



A Dançar

Levemente amadeirado
o perfume de sândalo
invade o ar onde
as fadas vem dançar.
O imenso tear do sol
desfia em raios de ouro,
Os dedinhos àgeis
que tecem os fios
de cada dia encantado.
Esvoaçando os cabelos
nas frestas das janelas
onde se vê novo dia raiar.
As fadas seguem no ar...
A dançar, a dançar.

Gladis Deble

sábado, 14 de maio de 2011

Pele alva de luar


Pele alva de luar
entre lençóis de cetim
luz de vela, alguma flor
aguarda o toque sutil
de um mestre que é pintor .


Gladis Deble


Entre o monte e a lagoa

Entre o monte e a lagoa
guarnecida de saudade
Sigo cantando uma loa
que é prá ver se tu retorna
no véu azul da umidade.

Caso me queiras deveras
na noite da lua grande
quando brilharem esferas
e estrelas distraídas
bordarei um ornamento,
colcha vazada de esperas.

Gladis Deble


quinta-feira, 12 de maio de 2011

Luas e luas


Luas e Luas

Mesmo quando desertei
Planícies atravessei
Minarete me tornei
Para guardar teus tesouros
Tempestades acalmei
Neste deserto sem viço
Muitas luas viajei
E no calor da batalha
Sempre em sonhos
Te salvei...

Gladis Deble

Sonho


Sonho

Hoje eu lhe trouxe esta rosa
e um poema que é um sêlo
Sonho e mensagem formosa
de um livro ainda no prelo.

Desintegro minhas pétalas
ao ventop lanço oferenda
Planejo fuga, ou Dédalo
Pai de Ícaro na senda.

Eu colo as asas com cêra
feitos de pena e poesia
prá voar sem uma esteira.

Não posso tocar o sol
nem baixar perto do mar
construí o sonho alado, da cor do arreból.

Gladis Deble

Escuro

ESCURO

Quando a noite levou-me
em seus meandros
sem subterfúgios,
a segui...
A venda escondeu-me
as armadilhas.
Eu a segui silente
pela mão.
Um frio desconfortável
e insone
percorreu-me
Apesar de escuro
amanheci.

Gladis Deble

Alfombra

Alfombra

Da caravana ao relento
da minha tenda, o tapete
do deserto perdido em areias, a sombra
Imagem da caravana que estendo
no desfile das miragens ...
Caiu um ditador no Cairo
como as pedras do regime
sempre despencam um dia
Da alfazema o odor
Certos desenhos orientais
admiro mas não entendo
Amo deitar com você
no degrau da pirâmide
ou nesta alfombra.

Gladis Deble

terça-feira, 10 de maio de 2011

Dragão


Dragão

Carregado por uma rajada de vento,
meu dragão dourado e de estimação
voou do alto da escrivaninha.
Partiu-se em vários cacos no chão.
Mantive atitude sossegada,
trouxe a pá do lixo e juntei os pédaços.
Pensei comigo; cumpriu sua missão!
Nessa hora a mulherzinha supersticiosa
que as vêzes fala por mim, reclamou da sorte
e sugeriu-me;"Guarda a cabeça dele, pode
ser útil". Falei em voz alta; " Não sei prá que".
Os cacos do corpo foram para o lixo.
A cabeça guardei no porta lápis.
A fada sorridente e bem humorada
que também fala por mim, rindo muito
da situação, disse assim: " Hoje São Jorge
é o guardião, fez limpeza na lua e deu
um chega prá lá no seu dragão".

Gladis Deble

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Soneto escultor

Soneto escultor

No antigo mosteiro em verde ermida
a noite o velho sábio é indagado
sobre todos os segredos dessa vida
e de como o universo é encantado

É como perguntar ao escultor
da onde vem a obra tão bonita
O que era bloco de pedra ao construtor
Michelângelo ve a alma que lhe habita

Uma obra de arte está destinada a nascer
O que tem que ser feito é retirar as aparas
do que foi resolvido se fazer

Este é o ponto central da criação
retirar as aparas uma a uma
do que estamos designados por missão.

Gladis Deble

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Crônicas


Crônicas

No livro mágico dos versos
Onde anoto crônicas diárias
Amarro ciclos para que
não fiquem dispersos

Personagens amorosos saem da fenda
Heróicos, impulsivos continuam
no tecido mais humano dessa lenda

Munidos de intensa criatividade
a gerar os novos tempos da esperança
O novo tempo rói as cartas da verdade.

Gladis Deble

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É Primavera


É Primavera

Galopei no campo com o vento
revolvi as nuvens em tropel,
rebentei represas com um sopro
inundei campos da terra natal.
Escondi tesouros naturais
revelei nascentes entre montes.

Eu e o vento em missão semeadora
fizemos florestas e bosques vingarem
do meu ventre fiz redondo berçario.
Na gramínea do pampa
rebordada de flores;
É primavera!

Gladis Deble

Máscara


Máscara

Desenha corpos na sombra
um teatro na parede.
Só na máscara, os brilhos
recém libertos refletem
nossos desejos contidos.
Renda negra a envolver-me
para brincar de esconder.
Só a lua e as estrelas
entre tanta fantasia
cobrem nosso amanhecer.

Gladis Deble

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sábado, 7 de maio de 2011

Esperança

Esperança

É um tenro broto
que nos vem,
na verdade instaura
a novidade,
de trazer com ele
na semente
a vida latente,
que vibra e arde
na verde roupagem.
Para trazer ao mundo
do futuro, a esperança
de uma fraterna
mensagem.

Gladis Deble

Espaço quântico


Espaço quântico

De uma liga muito leve
é a base de nossos corpos.
No cintilar do olhar
flue a linguagem da arte.

E ficamos lado a lado
parados nesse compasso
numa eterna exposição
sob as luzes do salão.
Mas no espaço quântico
que ocorre
quando baixa a cortina
e apaga a luz,
ninguem imagina a pressa
que nós dois enlaçados
os corpos finalmente
nos amamos felizes
pelo chão.

Gladis Deble


Nuvens arvoradas


Nuvens Arvoradas

Seu passeio de homen livre
esparramou-se na planície
Quem sabe se minhas palavras
caíssem como chuva suave
no arvoredo ralo, projetaríamos um ninho,
e na liberdade azul eu poderia alcançá-lo.

Nuvens arvoradas nos galhos
o elemento ar está ativo agora
Se eu tivesse poderes mágicos
eu voaria para ele e as ondas
de ar em movimento
comporiam nova canção exótica
para aterrizar nessa paisagem.

Gladis Deble

Aurora


Aurora

Aurora do dia de hoje,
Usina de fazer luz,
Tece a cortina da vida
Terno casulo conduz
Filtrada pela janela.
Se a palavra decisiva
resolve se pronunciar
encerra mudo protesto.
Na arte que lavra o amor,
A poesia é manifesto.

Gladis Deble

Luzes

LUZES

A manhã anda nas brumas
tecidas no meu querer
Investe fundo nas luzes
é cortina a esmaecer...
A tarde lança suas flores
unidas como buquê.
A pomba da paz sobrevoa
anuncia prestimosa
que ao seguir as borboletas
por ser menina ditosa
ela alcançará você.

Gladis Deble

Meu olhar...


Meu olhar lâmina dágua
desliza pros olhos teus
Nem os musgos resguardados
Nem as pedras desgastadas
Esqueceram nosso andar.

Gladis Deble

Estimar-te



ESTIMAR-TE

Ao avistar-te a mesa de um café devasso
Sentado, firme e indiferente ao passo,
Senti vontade de sentar contigo
Ou pedir que me oferecesse o braço

Queria que largasse o absinto
e todas as garrafas suspendesse
embevecido ouvindo o que sinto

Tu meu português, sendo bom e leal
ouvi quando disseste"aí vem ela"
assustada e alegre sorri jovial

Senti o teu olhar que me seguia
cruzando a vidraça do portal
no meu vestido simples eu tremia

E na cintura fina senti roçar teu braço
na tépida manhã com rebuliço de pombas
quando tocou o sino a catedral

Você é forte, um belo de um poeta
eu só uma pombinha embaraçada
parei para dedicar-lhe uma quadrinha
e sigo a estimar-te inquieta.

Gladis Deble

sexta-feira, 6 de maio de 2011

A morena do mural


A Morena do Mural

A morena do mural
olha a rua inquieta
leva andorinha no ombro
e na mão rosas de abril.

A morena do mural
é bonita, encantadora
Tudo observa do sonho
absorta em seus contornos.

Gladis Deble

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Esperança

Ao som de um rock...


A Janela da tarde


A Janela da Tarde

A casa ficou fechada
esquecida entre paredes
só o voal dança no vento
feito cortina do tempo,
As pessoas já se foram
pela mão de outro destino.
Sobra o vazio da saudade...
Uma chama ainda arde,
Sopra o vento do passado
Só o meu olhar te enxerga
pela janela da tarde.

Gladis Deble

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Minha imagem



MINHA IMAGEM

O rosto que mostro hoje,
vem um tanto harmonioso.
Algumas sombras cultivo
Inquietude apaziguada.
No olho seguro o pranto,
Num semblante disfarçado.
Meu coração guarda apostas,
Sempre trabalha em vermelho
Mas a face verdadeira;
magricela e viajante
quebrou-se n'algum espelho.

Gladis Deble


quarta-feira, 4 de maio de 2011

Cântico da rosa



Cântico da Rosa

Como as rosas tem espinhos
O nosso interior também
Tem ciladas nos caminhos...

Se agora não tenho rosas,
ou não é hora de florir
terei que esperar a hora
mas já começo a sorrir.

Gladis Deble


segunda-feira, 2 de maio de 2011