quarta-feira, 29 de junho de 2011

Quadrilha


Quadrilha

Coloridas bandeirinhas
Meu brinquedo de papel,
enfileiradas na corda.
-A lua um favo de mel-
É animada a quadrilha
na quermesse da igrejinha
"Caminho da roça, Olha a cobra"
Solta rojão na pracinha
Sou amiga da pipoqueira
Meu coração é um menino
Saltando na buraqueira.

Gladis Deble

.

LIVRO I



LIVRO I

Manuscritos começaram,
páginas uma por uma.
Egípcios em papiro
seus registros propagaram.
Chineses, hábeis gravadores
já tinham papel e nanquim
Ideogramas retrataram...
No pergaminho ilustrado
pelo desenho do tempo
a arte imprime as marcas,
vem ciência e religião
remando na mesma barca.
Xilogravura é o princípio
da escrita medieval...
Imprensa com tipo móvel
miniaturas ilustradas,
iluminuras sagradas.
Capitular era a letra
que iniciava o texto
ricamente decorado,
bem desenhado nas margens.
Por não serem alfabetizados
indispensável, as imagens.

Gladis Deble

.

Livro II


Livro II

Viajo na sua trama,
carrego alguns personagens.
Percorro fases distintas,
poesia, comédia ou drama.

Passeio no imaginário
rica teia de mistérios.
Sigo a resenha diária.
Ação do tempo é história.

Suporte para expressão
de relação afetiva.
Emoção a olhos vistos...
Muitos sonhos partilhamos
através da literatura.

Gladis Deble

.

A secar


A secar

Não abro meu guarda-chuva
vou poupando copo d'água,
vivendo racionamento ...
São quinze horas por dia
de puro constrangimento.
O semeador já sumiu
compondo o pó da paisagem
entre poeira e fuligem,
vejo a fronteira secar...
Agora as cinzas de um vulcão
tem vindo nos visitar.

Gladis Deble

.

Comoventa


Comoventa

Caminhava decidida
no baile do contravento
enquanto a chuva descia
encharcava a vestimenta .

Meu cabelo escorria ...
atravessei o ciclone
com a sombrinha magenta
nesta terra como (venta) !

Gladis Deble

.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pascal


Pascal

A coroa de espinhos
Faz sangrar a sua fronte
mas mudou nossos caminhos

Envolvido seu corpo em fino linho
Tecido por José de Arimatéia
Depois da dor dos cravos, o carinho

Com óleos perfumados foi ungido
A mirra e seus dulçores o cobriu
Amenizando a dor e fel que Lhe ocorreu

Os novos tempos, exemplos de bondade
No milagre pascal de todo ano
Estão a confirmar a cristandade.

Gladis Deble

.

MESTRE


MESTRE

Cantaremos um hino de glória
A Jesus nosso Mestre maior.
Revestido da espécie corpórea
Deu exemplos de vida e de amor.

Muito simples andou entre nós
Multiplicou pães e peixes
Fez da água o vinho da festa.

Abriu as portas da casa do pai
Onde teremos sempre guarida.
É amorosa a partilha do pão
Ele é o caminho, a verdade a a vida!

Gladis Deble

.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Tinto


Tinto

No fogo do aconchego
O corpo sente o conforto
da alma revigorada

Passa os olhos no vinhedo
Sente o aroma perfeito
e o prazer do fermentado

O vinho é agregador
facilita o entrosamento
para quem for degustador

O tinto é o meu preferido
Brinde em taça frente ao fogo
Faz aflorar o meu amor.

Gladis Deble

.

SOMBRAS


SOMBRAS

Se eu soubesse como retornar
desviava do fantasma que me segue
e esta sombra fiel a me rondar
é um véu violeta, ainda que breve...

Perdi o referencial, não sei quem sou
estrela, verme, pedaço de luar
Uma centelha do raio que passou,
meus fados vou cumprindo a penar

Qual montanha que gelo tem no alto
o manto de neve esconde lava
Oculta um coração em sobressalto
sigo a chorar na vida, turva e vaga

Pareço o pranto dos poetas que partiram
claustros antigos sob o fumo esvaem
Vulcões em convulsões se repartiram

Sigo demente fugindo das quimeras
com gelo entre as sombras do inverno
mesmo cantando em plena primavera.

Gladis Deble

.

Doçura


Doçura

As sombras dolorosas
já desceram o poente
e os tempos da verdade
são visíveis na aurora

As mentiras mascaradas
dissolveram-se no vento
novos amores exigem
um outro comportamento

As trevas da opressão
foram todas embora
para ganhar meu coração
só com doçura agora.

Gladis Deble

Tórrido encontro


Tórrido encontro de corpos
não mais um fogo de palha
Propagou-se abrasador
corpo e alma incendiados
rolamos como uma bola
e eu nem perdi a sandalha
na festa do corredor.

Gladis Deble

.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Transmutei


Transmutei

Se a mágoa toldar a vista
e destilar gosto amargo
a vida fica pesada
difícil levar o fardo.
As vezes que transmutei
e consegui sublimar
uma luz brilhou do alto
fui discípula aprovada.

Gladis Deble

.

A Carta


A Carta

A carta que eu recebi
tem um selo interessante,
Um perfume amadeirado
vindo de terra distante.

A forte caligrafia
demonstra sua nobreza,
A saudade nem desconfia
por quem morro de tristeza.

Quando chega doce missiva
tudo brilha, é diferente...
Sonho coisas permissiva
Vejo flores num repente.

Gladis Deble

.

Anelos


Anelos

Vibram meus passos
no vazio do silêncio,
Nenhuma voz ecoa,
Nenhuma palavra grita
no imenso corredor!
Só pulsa na eterna vala
nossa alma sem fala.
Sobrevivente de um
espiral de anelos,
nele guardamos a chave;
Segredos de um grande amor.

Gladis Deble

.

Estas ações em mim


Estas ações em mim

Quando a gladiadora se apresenta
com espada,máscara e escudo
como lutadora me defendo
a minha nau navega pro degredo
O inverno impõe o seu reinado frio.

Quando sou gladiola colorida
minhas pétalas respondem por mim
Sinto a primavera em poesia
e como palma brinco no jardim.

Quando a princesa do verão
acerta o compasso
e as aves voltam a beber na fonte
tenho rubores na face próprios da estação
Pinto boca e unhas de carmim.

Quando a fada do outono
deita as folhas e o véu da cerração
encobre os mundos eu canto com o vento
E danço disseminada na vegetação.

Gladis Deble

.

Teu beijo


Teu beijo me deixa zonza
Meu mundo troca de eixo
Virei de ponta cabeça
Por você caiu o queixo.

Gladis Deble


.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

ARTEFATO


ARTEFATO

Arte montada na pedra
em junções intercalada
trama sonhos de poeta
Cria um mural de granito
a cor cinza do arenito
na dureza do concreto.
Quando a forma enternecida,
plasma livre um coração
é rosado o artefato ...
O amor escorre da mão.

Gladis Deble

.

Em suas mãos


Em suas mãos

Os recursos naturais
que temos desperdiçado
são sistemas, são domínios
a muito tempo empregados.
Se agirmos com bom senso
e protegermos as matas
nossos rios e cascatas
seguem a marcha encantada...

Os ciclos perpetuados
em sua rota bendita
mantém a graça das espécies
e neste planeta azul
suas águas geradoras
de energias sutis
sustentam o canal da vida,
nossos bosques, bichos, grotas
Como um broto a renascer,
são o futuro de todos
em suas mãos a escorrer...


Gladis Deble

.

ESCREVO


ESCREVO

Escrevo na tentativa
de melhorar algo
que precisa ficar claro

Só não canto porque
desafino um pouco,
aí começo a tecer versos
e a empregar vocábulos
que amo tanto

Quando tenho controle
total do que quero dizer
as palavras em justaposição
deixam-se prender...

Se perco o controle, as palavras
emancipadas, nem precisam
de autorização, usam minha caneta
e minhas mãos ...

O bardo errante quando me carrega
no raio colorido da poesia
dá sumiço em todo sofrimento.
No meu ouvido solta encantos...
Na minha alma sombria,
fulge o brilho do condão da alegria.

Gladis Deble

.

Encruzilhada


Encruzilhada

Lugar de decisão é encruzilhada
Onde fazemos novas opções.
Onde há concentração das energias
Com seta a indicar o caminho ou não.
Neste ponto da vida resolvemos com urgência
o que desja o nosso coração.
Dizem os antigos caminheiros
Conhecedores de peregrinação
Que todos os deuses comem e dormem
nessas loucas bifurcações
E por aqui também transita
o belo bardo da inspiração.

Gladis Deble

.

sábado, 11 de junho de 2011

Capa de Revista


Capa de Revista

Quando me chegas assim
inquieto como um cão,
Ouço afinado flautim
farejas meu coração.

Se tuas mãos me percorrem
na pele brota calor,
As horas não mais escorrem
Sou mil pétalas de flor.

Ao envolver-me assim
num impulso te recebo,
aceito a rosa carmim.

Nosso mundo é futurista,
num louco caleidoscópio
Somos capa de revista.

Gladis Deble

.

Uni-Versos


Uni-Versos

Quando a semana termina
venho correndo saber
qual a imagem mais linda
para em meu texto caber

Quando o encontro é perfeito
espontâneo é seu fluir,
belezas unem os versos,
todo o universo a sorrir...

Quando a artista inspirada
que a estética domina
desce estrelas no poema
sobe águas de uma mina...

Entre luas e prainhas
aponta o dedo de profeta.
Faz do mundo belo ninho, é:
"Versos e Uni-Versos dos Poetas".

Gladis Deble

.

Coração de Fada


Coração de Fada

Desfolho-me no calor
Sou estandarte vivo
Futura folha de papel
Gerada num útero rosado
musgo, líquido irisado...
Emoções expostas ao sol
Verso verde pulsando
Script rabiscado
no casulo minúsculo.
Pelo microfone de flor
escapa mansa fala
do meu coração de fada.

Gladis Deble

.

Nossas roupas

Nossas roupas

Nossas roupas
sem os corpos
são casulos
sem borboletas
Mas o ar que anima a vida
enlaça camisa e vestido.
Mata a saudade que vive
pelos ares expandida.

Gladis Deble

.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Pluma


Pluma

Eu vivo dias de pluma,
de versos impregnada
Sempre a bailar e a subir
de éter embriagada...

Se a brisa leve me esgarça
como um fio de matéria
eu me desfaço num traço
surfando na massa etérea...

Na minha vida de mito
repartiu-se minha asa
Queria seguir a lua
e trazer o sol prá casa.

Gladis Deble

.

Beijo e Vinho


Beijo e Vinho

Transbordam gotas das margens
onde deslizo serena,
Luzes contornam as águas
respingam nesse poema.

No manto de ervas e capim
a brisa deita folhas encantada.
O vinho que trazes e as taças,
entre beijos ofertas para mim.

Gladis Deble

.

Esta imagem plástica...


Esta imagem plástica é ação
cinzelo com presteza as idéias
Os caminhos deste corpo
eu percorro, prevendo
o prazer da criação.

E na malha moldável
eis que surge revelada
no buril da intenção,
a mulher-musa inspiradora
de toda criação palavra escultora
A nossa primordial e mais
antropomórfica visão.

Gladis Deble

.

Baile dos Elementos


Baile dos Elementos

Eu viajo decidida
ao encontro do seu peito
evanescentes as plumas
Seguem o bailado do vento
Mergulho num turbilhão
Acolho seu coração
No baile dos elementos

Gladis Deble

.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Misturas


MISTURAS

Ao encontrar teu olhar
brinquei de laboratório
fiz um pedido no altar
entreguei ao oratório

Em vidro verde, transparência
encarei tuas metáforas...
Muita fórmula e essência
a contraluz foi diáfana

Fiz pesquisa de alquimista
meu olfato estava certo...
é complicada a conquista

Continuamos envolvidos
nos enredamos na sorte
por misturar os sentidos.

Gladis Deble

.

A árvore


A ÁRVORE

Envolvida em cores puras
a tarde cai lentamente.
Só a árvore erguida
na planície ainda quente...

Em sonata os passarinhos
cantam festivos assim
tem alegria nos ninhos
num céu azul e carmim.

Últimos raios cintilam
permanecem envolventes
Sons em orquestra desfilam
a lua olha o poente.

Gladis Deble
.

Beijos flamejantes


Beijos flamejantes

Transponho o doce caminho
dessa profunda vontade.
A imagem da sua boca
não abandona meu sonho.

O exercício imaginário
tem um contorno animado
e o desenho de sua face
permanece na retina.

Quando meu dedo brinca
com a textura de sua barba,
do seu rosto amado surge,
uma aura encantada.

Da boca colho sussurros
e alguns beijos flamejantes.
De mim , voam coloridas
borboletas esvoaçantes.

Gladis Deble

.

Minhas filhas


MINHAS FILHAS

Cada um faz o melhor
e oferece ao mundo
deixo na terra as essências
e um arco-íris de amor.
Minhas filhas são o sumo
que escorreu das auroras
Somos um grupo de fadas
juntas caimos de um ninho
de uma floresta encantada!

Gladis Deble

.

Este palpite...


Este palpite estridente
tá me deixando infeliz
é meu coração quem diz
mesmo sem alto falante.
Mas a fala deliciosa...
há um anjo que me inspira
logo que ouço sua lira,
eu ofereço uma rosa.

Gladis Deble

.

domingo, 5 de junho de 2011

Painel Maroon


PAINEL MAROON

Por caminhos douram ramos
as cores da natureza
Mesclam arbustos e árvores
Os reinos ditam belezas
Despidas folhas ao vento,
o pincel que tudo tinge,
do ocre ao avermelhado
prepara pontes e trilhas
Folhas comungam na brisa
é o inverno que vem vindo...

A cor aguda do marron
já secou todos os verdes,
A terra sem muito esforço
engole todas as folhas.

Gladis Deble

.

Ilha


ILHA

Era uma vez uma ilha
recortada em bela costa,
De espumas adornada.
Palmeiras livres no vento
espiam noites azuis...
Só o farol e seu lume
mantém os barcos na rota,
minha esperança é infantil;
de encontrar seu amor
e na lente da lua prata
nos seus braços ancorar.

Gladis Deble

.

Xilogravura


XILOGRAVURA

Paragens de muita história
as que carrego comigo
cores quentes, tingimento
Sons que tangem uma lira
nunca esqueço seu lamento

Imagens que cavam sulcos
numa gravura retinta
tracejada pelos vultos
que esculpem monumentos,
eu andarilha dos riscos

Preencho marcas de goiva
entinto as marcas, negruras
tiro provas do artista
refaço em novas gravuras
meu varal de exposição
Impresso em xilogravura

Experiência em formões
ferros sulcando os veios
retirando da madeira...
rios de tinta a velejar
para gravado ficar
plasmado feito carimbo.

Gladis Deble

.