domingo, 31 de julho de 2011

Armadilhas



Armadilhas

Carrego comigo
uma busca longa
e constante

Mesmo quando
apaziguada
e contente

Encaixo o verso
desaguo cristais e luz
na vertente

Mas no fundo falso
que escondido tenho
no porão

Guardo pedras e dores
motes repetidos
de incongruências

Espinhos venenosos
Injustiças perpetuadas
por quem decide a jornada

Onde fere o pé, a sandalia
ou no deslize do vão
onde escapa o corrimão

Pedras roladas da trilha
peixes no aquário dos olhos
vertem águas na torrente

Ontem quebraram-me a quilha
esquecida que sou barco,
caí noutra armadilha.

Gladis Deble

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Casual


Casual

Nada foi proposital
mas houve sincronicidade
e o encontro foi especial.

Pelos mapas não traçados
Sopraram ventos gelados
Mas selou nossos destinos...

Provando nacos da noite, arde o fogo

disfarçado de substância casual.

Gladis Deble
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Dragão II


Dragão II

Quando o ronco propagou-se
pulou a noite do céu,
Um dragão surgiu no sopro
Soltou de fogo um véu.

Anda no ar resoluto...
a voar desvenda mundos
nas águas absoluto
mora no lago, ao fundo.

Quando da terra ele surge
entre montes aparece,
muito mistérios desvenda.

O seu dorso é uma serra
ponteio de descaminhos...
A sua cauda uma flecha.

Se aborrecido se torna
vem da boca um fogaréu,
Solta uma língua de fogo
num giro de carrossel.

Gladis Deble

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Dos Planos


Dos Planos

Desenho passos com gosto
Prá longínqua primavera
Repenso minhas escritas
Continuo a sua espera.

Dos planos que projetei
Um por um eu persegui
Utopias prá um país
Que em sonhos construí.

As novas brisas da espera
Um colo quente formou
Nuvens no céu esquadrinham
Os planos do que sobrou.

Gladis Deble

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sexta-feira, 29 de julho de 2011

OUTONAL








OUTONAL

A tarde avança outonal
num caminho de pedrisco
Lança longe suas sombras
recolhe folhas com a brisa

Na forquilha dos caminhos
escolho onde vou seguir
a jornada é divergente
meu pensamento é ambíguo

O amor sopra nas veias
charmoso cheiro de flor
meu cabelo despenteia
na liberdade de andar

No vagar de folhas soltas
penso quimeras demais
Junto cantares do bosque
Lira que tange encantado
O calendário dos ventos

Na brevidade do instante
qual folha no temporal
Cruzo toda existência
pela esfera do espiral

Dobram sinos no horizonte
frutas doces amadurecem
tateamos muitas eras
projetando novos sonhos

Feito hábil fiandeira
conserto velho casulo
Tiro o pó da ampulheta
preparo vôos de outono
para a nova borboleta.

Gladis Deble 

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MIMETIZADOS


(The_Tree_Shepherds - Tolkien)

MIMETIZADOS

Se tem versos pastoris
Livres subindo a montanha
Tem as sombras estendidas
Sob as grades da masmorra.

Nem o fumo dos sacis
Em espiral a fugir
Tem a força ao evolar-se
Como o ciclo que cumpri.

De tudo quanto te ris
Ao explodir da granada
Vem partículas de pó
Para ao alto a contribuir.

Minhas lendas mais sutis
mimetizadas personas
Vem libertar nossos corpos
Para as almas prosseguirem.

Gladis Deble

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CANTO A-TOA


CANTO A-TOA

Andorinha balança o fio
Feliz em fazer verão.
Junta-se ao bando a cantar
A-toa fazem canção.

Eu canto cá no meu canto
Pelos dias que virão.
Meu coração vai a-toa
Entoa com as andorinhas
Cantos prá nova estação.

Gladis Deble

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Aurora boreal



Aurora boreal

Quando surges luminoso
Feito aurora boreal
Rios descem caudalosos
Canta forte nos beirais.
Dobram sinos nas capelas
Pinta em rubro os roseirais.
Águas cantam murmurantes
Ouço toques de trombetas
Vem carícias fustigantes.
Beijos quentes em açoite,
Só nós dois é que avistamos
Esse sol da meia noite.

Gladis Deble

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segunda-feira, 25 de julho de 2011

Violeta


Violeta

Delicadezas de pétala
flutua em sonho lilás
O cálice doce é festa
corolas em sintonia.
Roda ciranda de folhas,
entre meus dedos a roda...
Vejo asas em revoada
de insetos e libélulas,
Surge a fada em piruetas
entre cipreste e violeta.

Gladis Deble

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A Prenda


A Prenda

Sacode o manto de ervas
a fada do outono
Encrespa o vento as madeixas
da sua cabeleira.
A harpa em sintonia
desfia novos prelúdios.

Estende o seu bastão
a fada enternecida
Estampa de flor e folha
no algodão para tecido.

A natureza é uma prenda
trocando de vestido.

Gladis Deble

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Baforadas





Baforadas

A tarde o baile dos silfos
foi um tumulto geral.
Das nuvens de chumbo fendem
partículas de um vulcão.
A duendinha assustada,
boba, pensou que era o fim
as cinzas da erupção
que o Chile mandava assim,
escapuliu, veio em nimbos
e o vento arrastou ligeiro...
Deve ser um velho deus
a provocar o meu assombro...
O índio larga fumaça
ao contemplar a América
enquanto sopra baforadas
do cachimbo.

Gladis Deble

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Projeções


Projeções

Pus a voar minhas asas
No espaço amplo do céu
Projetei tantas imagens
Num território ao léu ...
Igual pardal e andorinha,
Pois o mundo é minha casa.
Inspirada nas lonjuras
Fui buscar pólem de rosa
Sem avião, só bagagem
Para poder ofertar-lhe
Concretamente visível
Depois de tanta miragem.

Gladis Deble

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sábado, 23 de julho de 2011

Festival Internacional Música no Pampa



Festival Internacional Música no Pampa


Movimenta-se a orquestra
pelos caminhos do pampa.
Carregam seus instrumentos,
Afinam toques sublimes...
Despertam tanta paixão
com seus timbres magistrais.
A magia nos ouvidos
esparrama-se em surdina.
Quando atinge nossas fibras
põe em festa o coração;
"Sampa no Pampa" é show
Derrete a geada com som
"Minuano nas Madeiras"
Faz um fogo nos sentidos
"Metais em brasa é demais"
Elabora outros canais.
Persistem solos em ecos
Entra o "Cello em preto e branco"
Vem Quinteto de metais...
Eu sinto pena do dia
ao findar o mês de julho
Vamos curtir a apoteose
E o FIMP chega ao final.

Gladis Deble
Homenagem ao FIMP Bagé 2011

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MUDANÇAS


MUDANÇAS

Pelo contorno brando
de suas asas
Eu voo numa clara sincronia
Encaro as mudanças,
Como toda borboleta
Toca suas experiências.
Palpita o mundo vegetal
no seu entorno...
Só amadurecemos
quando entendemos
O colorido das flores
e o sentido da tarde.

Gladis Deble

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Ao Vendaval


Ao Vendaval

No intrincado caminho
das pedras que formam vãos
Acomodo sensações ...
As vezes caminho sobre brasas
Flutuo na asa da amargura
Escapo dos dormentes
e custo a encontrar os trilhos.
Viajo numa alameda de álamos
rumo ao território sagrado
Sou igual a todos;
homem ou mulher forjados
nesta gelada fronteira.
Guardo a terna esperança
de recolher algum grão
que vingará no futuro
e no pequeno embrião
Sobreviremos todos
ao vendaval.

Gladis Deble

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Tiara de Rosas


Tiara de Rosas

Se for de costas para a vida
Num turbilhão sem respostas
Sigo a jornada sentida.

Cai a lágrima vertida
Desce o vestido escarlate...
Fascinada e comprometida.

Sigo ao encalço de mim
Sempre no intenso conflito
A vida é um gozo por fim...

Tranço em mechas o cabelo
Qual madona poderosa
Prendo anelos numa tiara de rosas!

Gladis Deble

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quarta-feira, 20 de julho de 2011

Festa

Policromia

O Fio da Palavra


O Fio da Palavra

É o nó da tessitura
pronunciada por Penélope
que junta os fios da mistura
Foca os eixos do discurso.

Difícil é dizer o indizível !
Na trama do manifesto
Revelador da poesia
Realiza o movimento.
Vindo a frente faz cultura...
Várias linhas transversais
nas tramas fio por fio
unem bem os pensamentos.
Num casulo bem formado
Seda pura ao natural,
Faz das palavras ninhal.

A fala que proferimos
dom gratuito e afinado
derrama-se por total.

Gladis Deble

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Antigas Rotações


Antigas Rotações

Vinha trazida pelas folhas
que navegam no vento.
Maio previa que junho
seria esquisito.
Meu chapéu de feltro
não parava na cabeça.
Ora tocado por
lascivos pensamentos,
Ora dedilhado
por um som de guitarra.
Já no aconchego do quarto
Uma coleção de vinil
em 78 e 33 rotações
Sobrevive ao pó ...
Alceu valença vive
Não estou só...
Com sua doce manga rosa
da Morena Tropicana
e todo mangue de Olinda
como na 1ªManhã da Anunciação
É sempre recordado.
Em milhares de corações
Como um bumba meu boi
Sempre é ressuscitado.

Gladis Deble

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segunda-feira, 18 de julho de 2011

FLOR DOS BEIRAIS


FLOR DOS BEIRAIS

A flor salta dos beirais
procura o sol, quer viver,
enfrenta ventos, se mostra,
espia o frio, não reclama...
Abriu-se para o amor
numa marca incontestável
embora uma vida breve
quer colorir os quintais.

Gladis Deble

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Eu e a Lua


Eu e a Lua

Frufus da brisa que passa
pela lente dos cristais
Tece rendas sua espuma
e tenta alcançar meus pés.
O rio esmiuça as águas
na fluidez a brilhar...
Chegaste num unicórnio
Pondo meu corpo a pulsar.
O sol sumiu no horizonte
A lua vestiu cetim
Ambas vestidas de prata
Eu num vestido de fada
Passaste os olhos em mim.

Gladis Deble

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Sonho marítimo


( The_Flying_Ship_by_AagaardDS )

Sonho marítimo

E do topo do meu sonho, avisto
Um lindo céu, em azul mar
Um mar de verde infinito
Um infinito verde de amar

Pinceladas coloridas
de amor incondicional
Matizes de primavera
Flores em aquarela
Tudo muito original...

Neste mar vai um navio
e dentro dele vou eu,
Sonhando sempre encontrar
meu marinheiro a cantar

Do alto do tombadilho
Vejo no verde das águas
a espuma branca de rendas
a contrastar com as fitas
do espartilho vermelho.

Mavie Louzada e Gladis Deble

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Ciranda esparramada


Ciranda esparramada

No giro desta ciranda
pego o babado da saia
seguro a mão, belo moço
e continuo girando
a lua por trás das nuvens
só cuida prá ver se posso
roçar o corpo ligeiro
enroscada ao cirandeiro
Caso o compasso permita
e haja luz no candeeiro
eu continuo a ciranda
esparramada no terreiro.

Gladis Deble

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sexta-feira, 15 de julho de 2011

Casinha de duende


Casinha de duende

A casinha de duende
escondida no jardim
é de madeira e desprende

Um cheiro doce de flor
Tem biruta no telhado
dos ventos é indicadora

Borboletas dançam livres
amor-perfeito é sinal ...
tem fadas nesse quintal

Pequenos seres estendem
os muros do mundo mágico
em liberdade se entendem.

Gladis Deble

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Ausência


Ausência

Velha casa abandonada
Já foi morada espaçosa
de um tempo que transcorreu

Tudo remete ao silêncio
As sombras recolhem manchas
do século que passou

O frio é certo e cortante
como lâmina a ferir
um cenário agonizante

As árvores esvoaçantes
agitam ramos nos vidros
dando adeus a retirante.

Gladis Deble

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Retorno

Retorno

Quando vem este gosto a boca
e as faces em rubor
parecem chagas,
Os frêmitos repetem incessantes .
e o grito que guardavas
vem a tona...
Envolvida em tuas lendas
liquefeita retenho
entrecortado suspiro.
Queima a pele feito brasa...
Na boca um sorriso
recortado,
e no olho uma estrela
pendurada,
cadente, derretida
esperando pelo teu
retorno.

Gladis Deble

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Patchwork


Patchwork

Na costura das vivências
alinhavo sonhos vagos,
amores bem costurados
uno em pedaços de pano,
procuro por coerência.
Mas os desenhos juntados
nem sempre são o que penso.
Na geometria da colcha
junto maçã e passarinho...
Cerzido em linha de seda
um losango fica bem.
O pentágono é recortado
prá contrastar mudo a linha.
No mosaico mediterraneo,
fica lindo um peixe azul.
Junto xadrez com floral
num pesponto caprichado;
é o composé de algodão
aquecido com linha vermelha.
Minha máquina antiguinha
cose tudo com carinho,
tanto pensei em você
costurei seu coração.

Gladis Deble

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terça-feira, 12 de julho de 2011

Mandala de heras


Mandala de heras

Enovelada em teus braços
tudo é só amor e graças
Sinto o outono me despindo
na casca solta dos galhos.

São tronos os troncos fortes
Há cortinas de flor e cheiro
em tapetes de folhas secas

E o vento que sobe o muro
traz energias da flora,
Promove curas o verde
desenha ervas na pedra.

Na tecitura das eras
Deus costura os destinos
na tenra mandala de heras.

Gladis Deble

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SEPARAÇÃO


SEPARAÇÃO

Fragmentada eu existo
Separada em vários tomos.
Que ligação haverá
entre os pedaços e o todo ?
Se eu pudesse resolvia
esta proposta intrigante
de um artista a criar...
Mas tiveste pressa em sair.

Sou os quadros da parede
que tu esqueceu de levar.

Gladis Deble

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Loucuras Coletivas


Loucuras Coletivas


Na manhã, mantos de brumas
envolvem novos caminhos
meus braços estendem espumas

Vou como um rio navegando
correndo para outro rio
devia estar hibernando ...

Mas sei que viver tem seus mistérios

Nas loucuras coletivas, firmo viagens etéreas.

Gladis Deble

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Escorrida


Escorrida

Se uma lágrima escorre
na face fria da noite
Tatuada em versos livres
As linhas doem em açoite.
Desenho que fere a encosta
Cai o arrimo da montanha
Sou poesia do vento
Escorrida numa fresta.

Gladis Deble

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domingo, 10 de julho de 2011

Doces


Doces

Doces sussurros...
flor e marulhos,
tudo carregam esses barulhos

Dificuldades a superar
somente os seixos
e o limo verde a aveludar

Sedosos brilhantes
faíscam seus olhos
é lua cheia nesse quadrante.

Gladis Deble

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Novas Palavras


Novas Palavras

Pontuado por finos toques
o poema busca territórios
para o que é dificil dizer.
Busca a exatidão no
mistério e na perenidade
do que pretende deixar.
Grava detalhes da vida
e oscila como um passo
de dança entre o trivial
e o notável.
Palavras desvendam
amores contidos.
Descobrirem o impossivel,
e alinham-se como pássaros
no arame a espera do sol
e da orientação de um
novo amanhecer .

Gladis Deble .

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Grafiteiro ao luar



Grafiteiro ao luar
rabisca os muros da noite
Bebo o sereno na fonte
como flor a esperar
pela dança das estrelas
piscando a me espiar

Gladis Deble

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O Portal


O Portal

O meu portal é antigo
remonta dos velhos tempos.
As madeiras desgastadas
Muitas marés, fortes ventos...
As pedras dessa marina
Viram meu barco a sonhar
Já chorei outras partidas
Num céu de chumbo a esperar
por Ulisses marinheiro
que viesse me buscar.

Gladis Deble

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sexta-feira, 8 de julho de 2011

Aquário/Peixes


Aquário/Peixes

As sereias que brincam no aquário
no paraíso azul de bolha e transparência
Soltam seu canto eloquente e vário
num mundo de beleza e iridescência

E o sonho líquido dissolve-se azulado
Como anilina aquosa de pintar os peixes
e os segredos dos versos encantados
no cesto de guardados formam feixes

Mas as sereias cantoras sobrevivem
na lâmina perfeita do horizonte
Onde gaivotas tomam sol depois que dormem

O olhar verde da sereia pacifica o oceano
Sem pegadas atlantes ao catar conchas
para o colar dos ciclos que fecha mais um ano.

Gladis Deble

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Quintais


Quintais

Tanto mistério reside
na portão ao ranger do vento.
Cruza delírios e some,
passa de costas pro tempo.
Sei que é difícil partir
e abandonar o jardim
que viu nosso amor florir.
Por isso sofro calada
junto a sombra dos juncais,
até reunir coragem
e recrutar meus fantasmas
Vou cruzar verdes quintais
e traçar nova viagem.

Gladis Deble

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Árvore


A quela amiga do peito
R efrigério da minha vida
V erdes combinam comigo
O nde o ócio embala o livro
R ecreio do meu jardim
E los te prendem a mim

Gladis Deble

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Neste Olhar


Neste Olhar

Neste olhar firme
de ave
acostumada as alturas,
Vive uma ninfa das ondas
como sereia dos mares.
Entre plumagens e bolhas
brilha repleta na mata.
Reaparece rainha,
catando conchas na praia.

Gladis Deble

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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Nave errante


Nave errante

Na encruzilhada do poente
Visto o manto espesso da noite
Embarco clandestina na última vazante
e deságuo entre espumas a flutuar
num murmúrio estranho como
tripulante de uma nave errante.

Gladis Deble

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A nave foi avistada...


A nave foi avistada...
Já me serve de conforto
Além de escoar na vazante
e fazer eco seu murmúrio
na espuma flutuante,
já começa a versejar...
Embora espessa a distância
e de longe o seu luzir,
é doce interagir!

Gladis Deble

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Os olhares sonolentos


Os olhares sonolentos
contemplam pequena nave
a deslizar na amplidão...
Será de um sistema longínquo?
Ou de uma espessa nebulosa?
Não percebo seu murmúrio ...
Talvez o fragmento de estrela
a brilhar na imensidão
Só possa ser decifrado
ao transbordar sua vazante
na próxima lua nova.


Gladis Deble

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domingo, 3 de julho de 2011

TROCAS

(Janet Hill)


TROCAS

Se um dia eu criar coragem
Troco de vez de cenário
Passo a cerquinha de ripas,
abandono a terra firme
pela vida de corsário.
No olhar levo procelas
nos punhos levo esperança...
Eu troco a flor da lapela
Por uma estrela do mar
Alimento sonhos de velejar...
Dou a fita do meu chapéu
Por uma concha do mar.

Gladis Deble

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A Ponte


A Ponte

A ponte leva segura
a um outro ponto qualquer
Passa charco,passa fosso
Reata novos caminhos.
Ao encontro dos seus braços
E melhor essa viagem
Se a lua aponta meus passos;
- Sou um pássaro perdido
a procura do nosso ninho.

Gladis Deble

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PERDÃO


PERDÃO

Na moradia afetuosa
Imagens muito fluidas
Percorrem meus sentimentos

Todas as coisas presentes
Na memória onde prendeu-se
Em saudade é preservada

A qualidade da surpresa
É o tecido do poema
Transformador da existência

E a ternura verte em formas
Sob os veios muito tenros
busco a palavra perdão.

Gladis Deble

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Traquinagem

Traquinagem

Traquinagem
quando surge na hora da
rapinagem
Vem com tudo na bagagem.
Na tenra idade eu sonhava
No circo em camaradagem
entrar no baú do mágico
e em lúdica abordagem
pegar o serrote, aquele,
que corta a moça pelo meio,
descobrir doces passagens,
nos espelhos das miragens
Usar a cartola preta...
Tirar coelhos e cartas,
rosa em buquê em cascata,
Surpresas saltar dos olhos...
Cambalhotas de esperança,
Chuva de prata prá todos
Dar sumiço nas cobranças,
Gargalhadas com as crianças.

Gladis Deble

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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Águas de Ninar



Águas de Ninar

As águas do meu ninar
onde equilibro os sonhos,
tem imagens reservadas
de aconchego e carinho.
Panejamentos e véus
envolvem corpo e visões.
São infindos os caminhos
se eu souber onde aportar...

A túnica de algodão
usada para relaxar,
é alvo manto de nuvem
quando estou a devanear.

Gladis Deble

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ESPELHO DA LUA


ESPELHO DA LUA

Caminho ao anoitecer
Vestida de brisa e lua
Com o pincel quero reter
O seu brilho purpurina.

Sua capa de rainha
e o esplendor a brilhar
Pinto com gliter a noite,
água do lago ilumina
para em você me espelhar.

Gladis Deble

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Ciclos de Maio


Ciclos de Maio

Sempre tem festa para as mães
quando maio aparece,
descem folhas em desmaio
na paisagem que amanhece.

Uma rosa para a Flor
trazida pela saudade,
lembra o que a alma sente
minha fibra resistente.

Seus exemplos de bondade
e a doçura ao sorrir ...
São porções de doce, ambrosia
cheiros que a brisa da tarde
no outono se pronuncia.

Suas mãos tudo faziam
tinham poderes tamanhos
Versos, bordados em linho
ciclos bordados de fada...
Todo maio eu a recordo
e meus passos realinho.

Gladis Deble

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Caminho com esperança


Caminho com esperança
embora não saiba nada
O mundo embala um poema
no meu sonho de criança.

Gladis Deble

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