terça-feira, 4 de setembro de 2012

Buquê de primavera



Buquê de primavera

Limpo a lareira e a casa
O inverno vai embora ...
Setembro instala aromas
e uns prenúncios de aurora

A criança que anima a anciã
dança feliz no quintal
Min'alma tem novo espelho
para mirar as manhãs

A carruagem de Ostara
Traz consigo nova era
A luz sobrepuja o escuro
Num buquê de primavera.

Gladis Deble

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Um amor, uma cabana...



Um amor, uma cabana...

Entre o mar e a montanha
encravado numa escarpa,
depois do bosque e tulipas
há um chalé que é encanto.

Por estrada sinuosa
deslizamos para a serra
tem vinhedos nessa terra
Sob uma manta brumosa.

Belo bosque de araucárias
junto a pedras e madeiras.
Abelhas fazem a festa
com as papoulas e dálias.

No interior da cabana,
vida simples e carinho.
Ao pé da lareira, vinho
E nós, no aconchego do ninho.

Gladis Deble

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Eu peixe ave



Eu peixe ave

Minh'alma anda no charco
arremessada em cardumes
É como o bico dos pássaros
a carregar musgo úmido.

Eu revestida de escamas
Ou furtacor a brilhar...
Curiosidade me chama
Um bico esperto me arrebata.

Minh'alma dança no ar,
pratica pesca sem anzol,
mergulho certo da ave ...
ao peixe horizonte final.

Gladis Deble

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Das olheiras...



Das olheiras...

A lua um balão imenso
Silente viaja no céu.
Vaga entre montes de nuvens
São meus olhos carrossel.

Das olheiras que imprimiu
No meu rosto, sorrateira...
Serenos descem em véu
Eu escrevo a noite inteira.

É o satélite dos loucos
Faz a vigília tardia ...
Uma inspirada demência
Aos poetas, eloquência.

Salpica o pó das estrelas
Os seus brilhos nas janelas...
Visionária, creio nela,
Bebo lume dessa esfera.

Gladis Deble

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