domingo, 6 de novembro de 2011

Quimera


Quimera

Gárgula que vigia a Notre Dame, híbrida criatura de pedra,
ser fantástico que habita o imaginário medieval.
Destinado a escoar chuva das calhas ou gargarejo de água
das fontes. Para mim funciona como um simbolo.
Perpétua imagem da igreja dos humanos, guardião das
esquinas palacianas, carrancudo,grotesco, assustador.

A contemplar do alto dos telhados as brumas de Paris,
as suas luzes e a cultura obscura de uma era.
A afastar as forças do mal a divindade mítica destina-se.
Se cabeça de leão, fogo da boca, assim sinaliza a ponte.

Se for querubim, xixi na fonte? Origem hebraica, esfinge alada
protege a arca da aliança...
Os sátiros bebem vinho no banquete, na costura grega
dessa trança, se romanos, os faunos vem na dança.

Vem também elementais dos quatro reinos, procuram junto
aos humanos buscar aprimoramento moral e espiritual...

Dos velhos ícones que revejo a servir aos grupos sociais,
há espécies de sementes na bandeja e ecos de textos
muito antigos que trago...

Poema que já fiz a tanto tempo, guerra perdida que
ainda travo... Referência inconsciente dos eventos.
Misturado no caldeirão da vida real,eterno conflito
dos antagonismos do alto das mitologias ao folclore local.

Carga simbólica no profundo da dobra é o tempo
que por mim nunca espera, a única bagagem
que me sobra.

Gladis Deble

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