sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Barco Barco



Barco Barco

Na nuvem alva do sonho
fasso meu ninho de letras
Modelo nuvens com as mãos.
Procuro linhas azuis, como fitas de cetin
Desenredo todo novelo
Embora os recursos parcos
Sobre as águas da memória
Vou construindo meu barco.
Nos verdes claros da margem
balançam ramos de plantas...
Tanta vida nesse charco,
não preciso de mais nada.
Minha voida é esse barco.
Se viajares comigo
manterei prá sempre acesa
a lanterna, nosso marco
e o sol no seu fulgor
vai coroar o romance
de nós dois nesse remanso.
Encantos de azul e verde
Só os peixes é que sabem
da fluidez dessas águas
onde confundem-se os corpos
despidos, memória e limo
ao cruzarmos os limites
braços em arco e libertos
Somos o corpo do rio
amando junto do barco

Gladis Deble

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